quarta-feira, 29 de abril de 2009

A SEGMENTAÇÃO E VIÉS DA TV - (Comercial x Cultura)


Até o inicio da década de 90, quem quisesse assistir televisão, poderia escolher entre sete canais abertos na freqüência VHF e mais alguns poucos em UHF, com exceção das pessoas que tinham antena parabólica em casa. Com a consolidação da TV por assinatura, essa história mudou, no caso do cabo o número de canais disponíveis aos assinantes varia, chegando a ser superior a cinqüenta. A TV a cabo intensificou a segmentação por canais e não mais por horários, embora essa seja uma tendência registrada em outros veículos de comunicação. Por exemplo quem gosta de desenhos animados pode assisti-los a qualquer hora do dia, o mesmo acontece com o público de filmes, telejornais, entre outros programas. Diante de pesquisa de mercado feita por operadoras de cabo, perceberam essa tendência dos telespectadores e passaram a conquistar uma porção significativa da audiência ao oferecer programas adaptados a nichos específicos de mercado. Outra forma de segmentar a programação para atender audiências específicas diz respeito aos chamados “canais étnicos”, esses canais tem audiência bastante restrita, limitada basicamente a determinadas colônias de imigrantes e seus descendentes. É o caso de Dubai. Outros canais também são limitados a quem conhece idiomas, como o alemão (Deutsche Welle), o italiano (RAI), e o francês (TV5), a TVA decidiu incluir o canal RAI na sua programação pelo fato de que São Paulo apresenta uma população italiana maior do que a cidade de Milão. Assinantes que estudam idiomas sustentam boa parte do sucesso dos canais estrangeiros, as razões oferecidas pelos assinantes de TV a cabo, para assinarem o serviço, tendem a revelar um motivo instrumental, aprender inglês, e um motivo cultural, conseguir acesso à cultura estrangeira.
Avalia-se que as redes abertas ainda têm a massificação como principal característica, mas ressalta que os veículos de comunicação investem simultaneamente na fragmentação e no reagrupamento de consumidores por interesses afins, se nos anos 80 a segmentação das bases consumidoras prenunciava-se como alternativa à homogeneização de gostos pelas indústrias culturais, hoje a chamada hipersegmentação consolida-se como um dos alvos centrais mercadológicas.
No Brasil, a televisão passou a sofrer a segmentação a partir das novas concessões, em grandes áreas metropolitanas, como São Paulo. Sem espaço para novos canais na freqüência VHF, as atenções se dirigiram para a freqüência ultra-alta. Mas a UHF, que permitiu tal segmentação, não podia ser considerada uma novidade na região metropolitana de São Paulo, já que havia nesse período transmissores UHF ponto-a-ponto que distribuíam sinais das redes às estações de TV afiliadas, no interior. A Indústria brasileira sofreu um grande impacto a partir da chegada da Jovem Pan e da MTV- Abril, que introduziram o conceito de canais segmentados.
A segmentação também tem levado a uma outra situação; o fato de a audiência assistir a coisas diferentes na televisão atenua a integração sociocultural. Conforme já mencionado, na entrevista de grupo focal, entre os participantes havia quem sequer conhecia o que o outro assistia na TV. Entre eles, a televisão, conforme discute Wolton (1996), deixou de desempenhar seu papel de unidade social e cultura.

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